Mês: junho 2022

  • Artigo. O que é um Artigo no Português?

    Artigo. O que é um Artigo no Português?

    artigo, dentro das normas gramaticais da Língua Portuguesa, trata-se da classe gramatical que geralmente antecede um substantivo. O artigo é variável em número e em gênero, além de poder ser contraído com algumas preposições até ter outras funções nos enunciados às vezes, conforme você verificará a seguir.

    Como e Quando o Artigo é Usado no Português?

    Geralmente os artigos antecedem o substantivo para fazer referência a ele. Além disso, os artigos podem indicar que se trata de um ser já conhecido do interlocutor (no caso dos artigos definidos) ou que se trata de um representante não específico da espécie (no caso dos artigos indefinidos). O artigo, desta forma, não funciona sozinho no enunciado, já que sempre está acompanhado de outro substantivo.

    Artigos Definidos

    É chamado de artigo definido aquele que indica que um ser é específico por ser de conhecimento mútuo dos interlocutores ou pelo ser já ter sido citado. O artigo definido é variável em número (singular ou plural) e em gênero (masculino ou feminino).

    Confira os exemplos abaixo:

    • A prova que fiz hoje estava fácil.
    • Ele conversava sempre com o papagaio dela.
    • Selecionei as melhores fotos para você.
    • Os funcionários da nossa empresa estarão presentes.

    Em cada caso, a utilização dos artigos tem a finalidade de especificar um substantivo (“a prova que fiz hoje”, “papagaio dela”) ou para referir-se a substantivos já conhecidos do interlocutor (“os funcionários da nossa empresa”, “as melhores fotos para você”).

    Artigos Indefinidos

    O artigo indefinido tem a finalidade de indicar a ocorrência de uma generalização ou a primeira ocorrência do representante de determinada espécie, não sendo ainda de conhecimento mútuo dos interlocutores, já que é primeira vez em que aparece no discurso. O artigos indefinido também é variável em número e em gênero.

    É importante que a gente tome cuidado para não confundir artigo indefinido com um numeral, pois ele não está atrelado ao número um, e sim à ideia de generalização, conforme mencionado.

    Confira os exemplos a seguir:

    • Uma prova que fiz hoje foi simples.
    • Ele conversava sempre com um papagaio.
    • Selecionei umas fotos para você.
    • Uns funcionários da empresa estarão presentes.

    Perceba que nestes casos o artigo deu uma conotação de desconhecimento por parte de um dos interlocutores ou de generalização em relação aos substantivos. Trata-se de “uma das provas feitas” e de “um papagaio não conhecido”, além de “umas fotos” e “uns funcionários” que ainda serão vistos e conhecidos.

    Contração de Artigos com Preposições

    O artigo pode juntar-se a algumas preposições, dando forma a uma única palavra contraída. Confira os exemplos:

    • Ele gostava de pizza de queijo.
    • Ele gostava da pizza de queijo do pai dele.

    Perceba que no enunciado sem artigo sabemos que alguém gosta de pizza de queijo, um prato qualquer sem especificidade. No segundo caso, ao usar-se o artigo “a”, contraído com a preposição “de”, cria-se um efeito de especificidade: não é de qualquer pizza de queijo que ele gosta, mas de uma especial (que vem explicado na sequência: a do pai dele).

    • Eu gosto de estar em parques vazios.
    • Eu gosto de estar nuns parques vazios.
    • Eu gosto estar nos parques vazios.

    No enunciado sem artigo, entende-se que a pessoa gosta de estar em qualquer parque vazio, sem especificação. No segundo caso, por sua vez, é possível entender que a pessoa gosta de estar em alguns parques vazios — não está especificado em quais, mas fica subentendido que não é em qualquer parque vazios. Por fim, no terceiro caso, o uso de artigo definido antes de “parques vazios” já é a própria especificação: ela gosta de estar especificamente em parques vazios (e não em qualquer parque).

    • Eu vou a praias.
    • Eu vou a umas.
    • Eu vou às praias.

    Perceba que o verbo “ir” exige a preposição “a”. Desta forma, no primeiro enunciado, não há artigo, apenas preposição, indicando que a pessoa costuma ir a qualquer praia. Já no segundo caso, com o artigo indefinido (que não se contrai com a preposição “a”), está dito que a pessoa costuma ir a algumas praias, sem especificar em quais. No último caso, com a contração da preposição “a” com o artigo “as”, o substantivo “praias” está especificado: trata-se de praias já citadas ou das quais os dois interlocutores possui conhecimento.

    Atenção: na linguagem coloquial e informal ocorre a contração da preposição “para” com os artigos, gerando as formas: pro, pra, pros pras, prum, pruma, pruns, prumas. Porém, lembre-se de que essas formas não são aceitas na linguagem formal. Exemplos:

    • Eu disse isso pruns colegas.
    • Eu disse isso pros colegas.

    Enquanto no primeiro enunciado o substantivo “colegas” está generalizado, indicando que um dos interlocutores não sabe quem são os colegas, no segundo enunciado o artigo especifica o substantivo “colegas”, mostrando que ambos os interlocutores sabem quem tais colegas são.

    Quais são as Outras Funções dos Artigos?

    A utilização dos artigos gera alguns efeitos no texto, além dos já aprendidos.

    • Substantivação

    O artigo pode substantivar palavras que pertenceriam originalmente a outras classes gramaticais, como verbos ou adjetivos. Por exemplo:

    O competir é mais importante do que o ganhar.

    No enunciado, “competir” e “ganhar” teriam, normalmente, valor de verbo, porém os artigos antes deles os substantivam (fazendo com que “competir” seja sinônimo de “competição”, e “ganhar”, de “vitória”).

    O verde dos seus olhos é especial.

    Agora, “verde, que teria valor de adjetivo (em “olhos verde”), foi substantivado, passando a ser substantivo no enunciado.

    Atenção: um artigo pode referir-se a um substantivo mesmo que o adjetivo tenha sido posto entre os dois.

    Há uma verdadeira representante por aqui.

    No enunciado anterior, “uma” faz referência ao substantivo “representante”, e não ao adjetivo “verdadeira”. Seria possível inverter as posições: “Há uma representante verdadeira por aqui”.

    • Indicar valor aproximado

    Artigo indefinido antes de numeral pode indicar valor aproximado devido à sua natureza de generalização. Por exemplo:

    • Faltavam umas quatro horas antes de começar a festa.
    • Há uns 50 quilômetros pela frente até chegarmos lá.

    Mais comum na linguagem informal, esse recurso substitui expressões como “em média”, “aproximadamente” e “por volta de” pelos artigos indefinidos.

    • Indicar posse

    Artigo definido antes de partes do corpo ou de palavras que determinam parentesco pode indicar posse. Por exemplo:

    • Enquanto ela gritava, o irmão tentava estudar.
    • Eu não sei onde estou com a cabeça.

    Nos dois enunciados, o artigo definido deixa nítido que se trata do irmão do sujeito “ela” e da cabeça do sujeito “eu”, sendo omitidos os respectivos pronomes possessivos (“o irmão dela” e “a minha cabeça”).

    • Recurso expressivo

    O artigo indefinido também pode ser utilizado como recurso expressivo de algumas frases feitas. Por exemplo:

    Está com uma fome!

    Embora não seja estritamente necessário nesse enunciado, o acréscimo do artigo indefinido gera um recurso que visa expressar com mais intensidade a fome sentida.

  • Palavras com Hiato

    Palavras com Hiato

    Nas normas gramaticais da Língua Portuguesa, o hiato configura-se como o encontro de duas vogais em uma mesma palavra, onde cada vogal pertence a uma sílaba distinta. Por exemplo: moeda (mo-e-da), coelho (co-e-lho), sde (sa-ú-de), sda (sa-í-da).

    Para que uma palavra seja considerada um hiato é necessário que nela ocorra a união de duas vogais que ficam separadas quando a separação de sílabas é feita.

    Quais são as diferenças entre hiatos e ditongos?

    Apesar dos hiatos e ditongos se tratarem de encontros vocálicos, a diferença entre os dois é que os hiatos se separam no momento da separação das sílabas.

    No ditongo não há a ocorrência de separação das vogas, pois estas permanecem na mesma sílaba. Por exemplo: mãe (mãe), herói (he-rói), peixe (pei-xe).

    No hiato, por sua vez, cada vogal permanece em uma sílaba diferente. Por exemplo: ps (pa-ís), iate (i-a-te), rainha (ra-i-nha).

    O que é hiato, ditongo e tritongo?

    Hiato, ditongo e tritongo configuram-se como os três tipos de encontros vocálicos existentes. É válido lembrar que o encontro vocálico trata-se do encontro de vogais ou semivogais (sons vocálicos pronunciados com menos força) em uma palavra, sem que haja a presença de consoantes entre elas.

    A ocorrência de hiato se dá quando há encontro de duas vogais em sílabas diferentes. Exemplos: piolho (pi-o-lho), piada (pi-a-da) e moeda (mo-e-da).

    Ditongo, por sua vez, trata-se do encontro de uma vogal com uma semivogal na mesma sílaba. Exemplos: sabão (sa-bão), caixa (cai-xa), beijo (bei-jo).

    Já o tritongo ocorre quando, em uma mesma sílaba, há encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semivogal. Exemplos: Paraguai (Pa-ra-guai), saguão (sa-guão), iguais (i-guais).

    Exemplos de hiato

    • amendoim (a-men-do-im)
    • álcool (ál-co-ol)
    • boa (bo-a)
    • b (ba-ú)
    • burocracia (bu-ro-cra-ci-a)
    • c (ca-í)
    • caatinga (ca-a-tin-ga)
    • crianças (cri-an-ças)
    • coelho (co-e-lho)
    • curioso (cu-ri-o-so)
    • democracia (de-mo-cra-ci-a)
    • diabo (di-a-bo)
    • dia (di-a)
    • epidemia (e-pi-de-mi-a)
    • elogio (e-lo-gi-o)
    • fiel (fi-el)
    • fsca (fa-ís-ca)
    • gênio (gê-ni-o)
    • geleia (ge-lei-a)
    • hiena (hi-e-na)
    • hiato (hi-a-to)
    • início (i-ní-ci-o)
    • ideia (i-dei-a)
    • jzo (ju-í-zo)
    • joelho (jo-e-lho)
    • karaokê (ka-ra-o-kê)
    • lua (lu-a)
    • lagoa (la-go-a)
    • maestro (ma-es-tro)
    • maresia (ma-re-si-a)
    • moinho (mo-i-nho)
    • moeda (mo-e-da)
    • mobília (mo-bí-li-a)
    • nacional (na-ci-o-nal)
    • navio (na-vi-o)
    • oceano (o-ce-a-no)
    • sis (o-á-sis)
    • Parba (Pa-ra-í-ba)
    • ps (pa-ís)
    • poesia (po-e-si-a)
    • piano (pi-a-no)
    • quieto (qui-e-to)
    • quiabo (qui-a-bo)
    • rna (ru-í-na)
    • rdo (ru-í-do)
    • ruim (ru-im)
    • sde (sa-ú-de)
    • sda (sa-í-da)
    • sereia (se-rei-a)
    • seriado (se-ri-a-do)
    • soar (so-ar)
    • teoria (te-o-ri-a)
    • teatro (te-a-tro)
    • tia (ti-a)
    • urgência (ur-gên-ci-a)
    • unicórnio (u-ni-cór-ni-o)
    • voo (vo-o)
    • viagem (vi-a-gem)
    • xintsmo (xin-to-ís-mo)
    • zoológico (zo-o-ló-gi-co)
    • zodíaco (zo-dí-a-co)
  • Parônimos: Exemplos de Palavras Parônimas

    Parônimos: Exemplos de Palavras Parônimas

    Nas normas gramaticais da Língua Portuguesa, os parônimos tratam-se de palavras que se assemelham na pronúncia e na escrita, porém cujos significados são distintos. A área da semântica responsável pelos estudos dos parônimos é denominada Paronímia

    Devido à grafia e/ou ao som parecidos, é comum que muitos confundam-se na hora de escrever palavras que têm algum parônimo.

    A diferença entre os parônimos e os homônimos é que, no caso dos termos homônimos, a pronúncia, a escrita ou ambos serão iguais em determinado momento. Os parônimos, por sua vez, se assemelham apenas na escrita e na pronúncia, porém nunca são exatamente idênticos.

    Exemplos de Palavras Parônimas

    • Apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico);
    • Aferir (avaliar) e auferir (obter);
    • Absolver (perdoar) e absorver (aspirar);
    • Aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar);
    • Arrear (pôr arreios) e arriar (abaixar);
    • Bebedor (aquele que bebe) e bebedouro (local onde se bebe);
    • Calção (peça de vestuário, bermuda) e caução (garantia ou penhor);
    • Câmara (aparelho que capta e reproduz imagens, recinto fechado ou assembleias deliberativas) e câmera (aparelho óptico);
    • Coro (música) e couro (pele animal);
    • Comprimento (extensão) e cumprimento (saudação);
    • Cavaleiro (que cavalga) e cavalheiro (homem gentil);
    • Precedente (que vem antes) e procedente (proveniente de; que possui fundamento);
    • Descrição (ato de descrever) e discrição (prudência);
    • Despensa (local onde se guardam alimentos) e dispensa (ato de dispensar);
    • Delatar (denunciar) e dilatar (alargar);
    • Deferir (atender) e diferir (distinguir-se, divergir);
    • Dirigente (pessoa que dirige, gere) e diligente (expedito, aplicado);
    • Discriminar (segregar, diferenciar) e descriminar (inocentar, descriminalizar);
    • Docente (relativo a professores) e discente (relativo a alunos);
    • Emigrar (deixar um país) e imigrar (entrar num país);
    • Eminente (elevado); e iminente (prestes a ocorrer);
    • Estofar (colocar estofo) e estufar (refogar);
    • Esbaforido (ofegante, apressado) e espavorido (apavorado);
    • Fluir (transcorrer, decorrer) e fruir (desfrutar);
    • Fluvial (relativo a rio) e pluvial (relativo a chuva);
    • Flagrante (evidente) e fragrante (perfumado);
    • Fusível (aquilo que funde) e fuzil (arma de fogo);
    • Imergir (afundar) e emergir (vir à tona);
    • Imigrar (entrada num novo país) e emigrar (saída do seu país);
    • Iminente (imediato) e eminente (alto, superior);
    • Inflação (alta dos preços) e infração (violação);
    • Infligir (aplicar) e infringir (transgredir);
    • Mandado (ordem judicial) e mandato (procuração);
    • Osso (parte do corpo) e ouço (verbo ouvir).
    • Precedente (que vem antes) e procedente (proveniente de; que possui fundamento);
    • Peão (aquele que anda a pé, domador de cavalos) e pião (brinquedo);
    • Pleito (demanda, disputa) e preito (homenagem, dependência);
    • Recrear (divertir) e recriar (criar novamente);
    • Ratificar (confirmar) e retificar (corrigir);
    • Soar (produzir som) e suar (transpirar);
    • Sortir (abastecer, misturar) e surtir (produzir efeito);
    • Tráfego (trânsito) e tráfico (comércio ilegal);
    • Vadear (atravessar a vau) e vadiar (andar ociosamente);
    • Vultoso (volumoso, de grande vulto) e vultuoso (inchado);
  • Norma Culta

    Norma Culta

    Norma culta, na Língua Portuguesa, é um termo utilizado com frequência em diversos meios e por diversas pessoas. Mas, afinal, o que é a norma culta?

    norma culta configura-se como um conjunto de padrões linguísticos habitualmente utilizados pela camada da população mais escolarizada. Assim, de maneira resumida, a norma culta pode ser definida como a variação linguística usada nas situações formais por aqueles indivíduos que vivem em meios urbanos e que detêm elevado nível de escolaridade, tanto na fala como na escrita.

    Quais São as Características da Norma Culta?

    A norma culta tem determinadas características que nos ajudam a identificá-la. São elas:

    • Utilização em situações formais e monitoradas de comunicação;
    • Imposição da correção gramatical, que implica um uso rigoroso das normas gramaticais;
    • Trata-se uma linguagem elaborada e cuidada, que busca privilegiar a utilização de estruturas sintáticas complexas e de um vocabulário diversificado e rico, com pronúncia clara e correta das palavras;
    • Configura-se como o registro lecionado nas escolas, sendo a norma culta considerada mais erudita e prestigiada.

    O domínio da norma culta pode ser facilmente identificado na modalidade escrita da Língua Portuguesa, já que revela um elevado grau de rigor e correção gramatical, como uso devido da acentuação, da pontuação, da colocação pronominal, da regência e da concordância, dentre outros.

    Exemplos de uso da norma culta

    Regência verbal com a preposição adequada:

    • Ela sempre obedece ao avô.
    • Nós assistimos ao espetáculo teatral juntos.

    Colocação pronominal em ênclise no início da oração:

    • Ouça-se e não seja mais teimoso.
    • Dá-me aquele copo, por gentileza.

    Uso de palavras sem estarem abreviadas ou contraídas:

    • para (e não pra);
    • está (e não tá);
    • você (e não cê).

    Utilização correta das várias pessoas gramaticais:

    • Ela quer ir contigo. Tu vais a que horas?
    • Leia isso com atenção e depois diga se você compreendeu tudo.

    Ter conhecimento e fazer uso da escrita e da fala de acordo com a norma culta de uma língua trata-se de uma competência bastante valorizada no mercado de trabalho, pois o domínio da norma culta possibilita ao indivíduo comunicar de forma precisa, eficiente e com desenvoltura.

    Norma culta x Norma-padrão

    Apesar da norma culta e da norma-padrão se tratarem de conceitos próximos (muitas vezes sendo usados inclusive como sinônimos), elas configuram-se como normas distintas.

    De forma simples e resumida, a norma-padrão pode ser entendida como a norma gramatical baseada na gramática tradicional e normativa. Ela atua como um modelo idealizado que busca a padronização da língua escrita. A norma culta é a variação mais próxima desse padrão.

    Norma Culta e Variação Linguística

    Na Língua Portuguesa há inúmeras variações linguísticas, frutos da existência de diversos grupos sociais, com diferentes graus de escolarização e que apresentam distintos hábitos linguísticos. O resultado disso é uma pluralidade de normas.

    A norma culta, dentre todas essas normas, é considerada a mais conceituada, sendo vista como uma linguagem erudita e culta, usada por um grupo de pessoas de elite, que pertencem à camada mais favorecida e escolarizada da população.

    Pelo fato de nem todas as variações linguísticas usufruírem desse mesmo prestígio, muitas acabam se tornando vítimas de preconceito linguístico, sendo consideradas menos cultas e até mesmo incorretas.

    O entendimento e a aceitação de que todas as variedades linguísticas são fatores de cultura e enriquecimento é algo essencial. Deste modo, tais variedades linguísticas não devem (ou não deveriam) ser encaradas como erros ou desvios.

    Confira a videoaula abaixo:

  • Encontro Consonantal: O que é?

    Encontro Consonantal: O que é?

    Nas normas da Língua Portuguesa, trata-se de encontro consonantal quando há duas ou mais consoantes que aparecem juntas e em sequência na palavra, de modo que o som de cada uma delas seja mantido. Assim sendo, o encontro consonantal configura-se como o agrupamento de consoantes, em sequência, na palavra, fazendo parte da mesma sílaba ou não.

    Os encontros consonantais podem ser classificados em: puros (chamados também de perfeitos) ou disjuntos (chamados também de imperfeitos).

    Quais São os Tipos de Encontros Consonantais?


    São classificados como puros os encontros consonantais puros que ficam na mesma sílaba e que são inseparáveis. É bastante comum que os encontros consonantais classificados como puros terminem em -l ou em -r. Confira os exemplos a seguir:

    blefar → ble – far
    livro → li – vro
    primo → pri – mo

    Os encontros consonantais disjuntos, por sua vez, são aqueles que ficam em sílabas diferentes, sendo separados:

    berço→ berço
    advogado → advo – ga – do
    distópico → distó – pi – co
    instante → ins – tante

    É comum que uma mesma palavra apresente encontros consonantais puros e disjuntos:

    mantra → mantra
    praticante → pra – ti – cante

    Também é válido ressaltar o caso especial da letra x quando ela apresenta som de -cs ou -ks, indicando um encontro consonantal fonético:

    ônix
    xi
    axioma

    Observação: É importante destacar que uma consoante não pode ficar sozinha na separação silábica. Caso o encontro consonantal aparece no começo da palavra, ele nunca será separado. No caso do dígrafo ­-pn, há separações diferentes para as palavras apneia e pneu por causa disso:

    apneia → apneia
    pneu → pneu

    Encontro consonantal x Dígrafo


    Os dígrafos tratam-se do emprego de duas letras para representar graficamente somente um fonema. O que difere os dígrafos do encontro consonantal é o som, pois o encontro consonantal sempre possui o som das duas (ou mais) consoantes que estão juntas; já o dígrafo representa somente um som. Além disso, um dígrafo pode ser composto por duas consoantes ou por uma consoante e uma vogal. Os dígrafos são:

    lh – ch – nh – xc – sç – sc – xs – ss – rr – qu – gu

    Confira os exemplos abaixo:

    grelha: gr = encontro consonantal, pois há o som de -g e de -r.

    lh = dígrafo, pois as duas letras representam um som só.

    Guilhermina: Gui = dígrafo, pois as duas letras representam apenas um som.

    lh = dígrafo, pois as duas letras representam apenas um som.

    rm = encontro consonantal, pois há o som de -r e de -m.

    masmorra: sm = encontro consonantal, pois há o som de -s e de -m.

    rr = dígrafo, pois as duas letras representam apenas um som.

    Atenção: os dígrafos “gu” e “qu” antecedem somente as vogais “e” e “i”. Não é possível fazer dígrafos com “a”, “o” e “u”, pois em “gua” e “guo” as duas vogais terão som, e “guu” não trata-se de uma construção padrão das normas da Língua Portuguesa.

    Encontro Consonantal x Encontro Vocálico

    Trata-se do encontro vocálico quando duas ou mais vogais aparecem juntas, em sequência, na palavra. Os encontros vocálicos podem ser classificados em tritongos, ditongos ou hiatos, dependendo da separação silábica (mesma sílaba ou sílabas diferentes). Confira os diferentes encontros nas palavras a seguir:

    ruiva = encontro entre as vogais -u e -i.
    canhão = dígrafo com as letras -n e -h e encontro entre as vogais -ã e -o.
    plateia = encontro entre as consoantes -p e -l e entre as vogais -e, -i e -a.
    expressões = encontro entre as consoantes -x, -p e -r, dígrafo com as letras -s e -s e encontro entre as vogais -õ e -e.

    Fonte: brasilescola.uol.com.br/gramatica/encontro-consonantal.htm

  • Orações Subordinadas

    Orações Subordinadas

    São chamadas de orações subordinadas as orações que apresentam uma função sintática em relação à oração principal.

    Na gramática da Língua Portuguesa são estabelecidos dois tipos de períodos: o período composto por subordinação e o período composto por coordenação. O período composto por subordinação é formado por duas ou mais orações, onde uma é a principal e a outra é a subordinada, pois é sintaticamente dependente dela. O período composto por coordenação, por sua vez, é formado somente por orações independentes e, desta forma, sem dependência sintática.

    Normalmente a oração independente sintaticamente apresenta sentido e constitui-se em um texto. Leia e note essa ideia na oração seguinte:

    O dia nasceu

    A oração “O dia nasceu” tem sentido próprio e, desta forma, é independente. Porém, caso essa oração seja inserida em uma camada gramatical inferior em relação à outra oração não será mais independente. Note:

    As crianças saíram quando o dia nasceu.

    Note que escrita deste modo, a oração apresenta a seguinte estrutura sintática:

    Oração principal = As crianças saíram
    Oração subordinada = quando o dia nasceu

    A oração “quando o dia nasceu” tem uma relação de dependência e exerce uma função sintática em relação à oração principal.

    Deste modo, a oração independente “O dia nasceu” transportou-se do nível sintático de independência para exercer, neste caso, a função sintática de oração subordinada adverbial temporal. Ela apresenta valor de advérbio e exprime o aspecto circunstancial de “tempo” em relação ao núcleo verbal “saíram” da oração principal.

    A marca para o reconhecimento da subordinação da oração “quando o dia nasceu”, que passou a funcionar como membro dependente da oração principal, é o “quando” que a introduziu. Deste modo, o “quando” trata-se de uma conjunção subordinativa temporal.

    Assim, as orações subordinadas serão gramaticalmente classificadas de acordo com a função sintática (se são termos essenciais, integrantes ou acessórios) que tais orações exercerem em relação à oração principal.

    As funções sintáticas que podem ser exercidas pelas orações subordinadas são: sujeito, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto, aposto, complemento nominal, adjunto adverbial e adjunto adnominal.

    Desta forma, as orações subordinadas apresentam valor de substantivos, adjetivos e advérbios. Por tal motivo tais orações são classificadas como orações subordinadas substantivas, orações subordinadas adjetivas e orações subordinadas adverbiais.

    As orações subordinadas apresentam especificidades gramaticais dentro das unidades sintáticas. 

    Período Composto Por Orações Subordinadas Substantivas

    As orações subordinadas substantivas apresentam valor de substantivo e desempenham a função sintática de sujeitoobjeto diretoobjeto indiretopredicativo do sujeitocomplemento nominal ou aposto em relação à oração principal. 

    As orações subordinadas substantivas geralmente iniciam-se com conjunções subordinativas “que” e “se”. O “que” emprega-se quando o verbo exprime certeza e o “se” quando o verbo exprime dúvida. Em alguns casos também podem iniciadas por pronome ou advérbio interrogativo ou exclamativo.

    Confira os exemplos dos tipos das orações subordinadas, de acordo com a sua função sintática:

    Subjetiva: são as orações que desempenha a função de sujeito em relação à oração principal.
    Exemplo 1: Consta que os alunos já retornaram do recreio.

    Objetiva direta: são as orações que desempenham a função de objeto direto do núcleo verbal da oração principal.
    Exemplo 2: Acreditamos que a senhora deve retornar pela tarde.

    Objetiva indireta: são as orações que desempenham a função de objeto indireto do núcleo verbal da oração principal.
    Exemplo 3: Convenceu-o de que a amizade verdadeira nunca acaba.

    Predicativa: são as orações que desempenham a função de predicativo do sujeito da oração principal.
    Exemplo 4: A realidade é que todos eles foram embora.

    Completiva nominal: são as orações que desempenham a função de complemento nominal em relação à oração principal.
    Exemplo 5: Estava convencido de que ela era inocente.

    Apositiva: são as orações que desempenham a função sintática de aposto em relação à oração principal.
    Exemplo 6: Dei-lhe uma sugestão: (que) viaje para onde quiser.

    Período Composto Por Orações Subordinadas Adjetivas

    As orações subordinadas adjetivas, como o nome sugere, possuem valor de adjetivo em relação à oração principal. Desta forma, elas determinam o substantivo antecedente.

    As orações subordinadas adjetivas têm valores semânticos diferentes. Para compreender melhor esses valores confira a simulação da seguinte situação comunicativa de uma reunião de professores. A coordenadora pedagógica diz:

    Fala 1:
    – Se todos estiverem de acordo, nesse currículos escolar vamos adotar um novo projeto pedagógico. Os alunos que têm dificuldade com Português terão aulas extras.

    A segunda frase afirmada pela coordenadora pedagógica apresenta a seguinte estrutura sintática:
    oração principal = Os alunos
    oração subordinada adjetiva = que têm dificuldade com Português
    oração principal = terão aulas extras

    Na fala 1, quem “terá aulas extras”? A coordenadora pedagógica tem por objetivo planejar aulas extras somente para uma parte dos alunos. Neste caso, os alunos que têm dificuldade com Português.

    A mesma oração afirmada pela coordenadora pedagógica foi reescrita de uma forma diferente, agora entre vírgulas. Confira:

    Fala 2:
    Os alunos, que têm dificuldade com Português, terão aulas extras.

    Note que, com a fala 2 escrita dessa forma, a coordenadora pedagógica mudou de objetivo. Isso porque, quem “terá aulas extras” serão todos os alunos agora.

    Nos dois casos há orações subordinadas adjetivas com valor de adjetivo e que modificam o substantivo “alunos”.

    Contudo, a fala 1 trata-se uma oração subordinada adjetiva restritiva pois particulariza o sentido do substantivo. Na fala 2 trata-se de uma oração subordinada adjetiva explicativa pois universaliza o sentido do substantivo.

    Desta forma, as orações subordinadas adjetivas são classificadas em:

    Adjetiva restritiva: são as orações que particularizam o sentido do substantivo ou do pronome e ligam-se sem vírgulas ao antecedente;

    Adjetiva explicativa: são as orações que universalizam o sentido do substantivo ou do pronome antecedente e estão entre vírgulas.

    Período Composto Por Orações Subordinadas Adverbiais

    As orações subordinadas adverbiais apresentam valor de advérbio ou de locução adverbial e exercem a função sintática de adjunto adverbial em relação ao núcleo verbal da oração verbal.

    As orações adverbiais expressam diversas circunstâncias diante da oração principal e, por tal motivo, são classificadas como:

    Causais: São as orações que expressam a circunstância de causa de algo apresentado na oração principal e são iniciadas com conjunções subordinativas causais.
    Exemplo 1: Não foi à reunião de pais porque viajou.

    Consecutivas: São as orações que expressam a circunstância de consequência de algo apresentado na oração principal e iniciam-se por conjunções subordinativas consecutivas.
    Exemplo 2: Estudou tanto que adormeceu.

    Conformativas: São as orações que expressam a circunstância de conformidade entre algo apresentado nelas e na oração principal, e são iniciadas com conjunções subordinativas conformativas.
    Exemplo 3: Conforme afirmou, pagará a escola ainda hoje.

    Concessivas: São as orações que expressam a circunstância de concessão de algo apresentado na oração e iniciam-se com conjunções subordinativas concessivas.
    Exemplo 4: Pedro não notou nada, embora estivesse atento.

    Comparativas: São as orações que expressam a circunstância de comparação de algo apresentado na oração principal e são iniciadas com conjunções subordinativas comparativas.
    Exemplo 5: João viaja como um presidente.

    Condicionais: São as orações que expressam a circunstância de condição de algo apresentado na oração principal e iniciam-se com conjunções subordinativas condicionais.
    Exemplo 6: Visitaremos nossos primos hoje, se não chover.

    Finais: São as orações que expressam a circunstância de finalidade de algo apresentado na oração principal e são iniciadas com conjunções subordinativas finais.
    Exemplo 7: Maria tentou de tudo para que seu filho passasse no vestibular.

    Proporcionais: São as orações que expressam a circunstância de proporção de algo apresentado na oração principal e são iniciadas com conjunções subordinativas proporcionais.
    Exemplo 8: Conforme se aproximava o início das férias, a expectativa da turma aumentava.

    Temporais: São as orações que expressam a circunstância de tempo de algo apresentado na oração principal e iniciam-se com conjunções subordinativas temporais.
    Exemplo 9: Fico empolgado sempre que visito o nordeste.