Categoria: Sintaxe

  • O uso da crase

    O uso da crase

    A crase é, na língua portuguesa, a contração de duas vogais iguais (a + a, ou seja, a soma do artigo definido “a” com a preposição “a”.), sendo representada com acento grave.

    Quando usar crase?

    Antes de palavras femininas em construções frásicas com substantivos e adjetivos que pedem a preposição a e com verbos cuja regência é feita com a preposição a, indicando a quem algo se refere, como: agradecer a, pedir a, dedicar a,…

    • Aquele menino nunca está atento à aula.
    • Suas atitudes são idênticas às de sua prima.
    • Não consigo ser indiferente à falta de respeito dessa pessoa!
    • É importante obedecer às regras de funcionamento da faculdade.
    • As testemunhas assistiram à cena impávidas e serenas.

    Em diversas expressões adverbiais, locuções prepositivas e locuções conjuntivas: à noite, à direita, à toa, às vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à moda de, à maneira de, à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança de, à medida que, à proporção que,…

    • Ligo-te hoje à tarde.
    • Ele está completamente à parte dos amigos.
    • A professora apenas conseguiu a promoção à custa de muito esforço.
    • Meu sobrinho mais novo está completamente à deriva: não estuda, não trabalha, não faz nada.

    Nota: Pode ocorrer crase antes de um substantivo masculino desde que haja uma palavra feminina que se encontre subentendida, como no caso das locuções à moda de e à maneira de.

    • Decisões à Pedro Neves. (à maneira de Pedro Neves)
    • Estilo à Paulo Sousa. (à moda de Paulo Sousa)

    Antes da indicação exata e determinada de horas:

    • Meu filho acorda todos os dias às seis da manhã.
    • Chegaremos a Brasília às 22h.
    • A missa começará à meia-noite.

    Nota: Com as preposições para, desde, após e entre, não ocorre crase.

    • Estou esperando você desde as oito horas.
    • Marcaram o almoço para as três horas da tarde.

    Em diversas expressões de modo ou circunstância, atuando como fator de transmissão de clareza na leitura:

    • Vou lavar a mão na pia.
    • Vou lavar à mão a roupa delicada.
    • Ele pôs venda nos olhos.
    • Ele pôs à venda o carro.
    • Ela trancou a chave na gaveta.
    • Ela trancou à chave a porta.
    • Estudei distância.
    • Estudei à distância.

    Quando não usar crase

    Antes de palavras masculinas

    • Pedro tem um carro a álcool.
    • João comprou um jipe a diesel.

    Antes de verbos que não indiquem destino

    • Estava disposto a salvar a garota.
    • Passava o dia a cantar.

    Antes de pronomes pessoais do caso reto e do caso oblíquo

    • Falamos a ela sobre o ocorrido
    • Ofereceram a mim as entradas para o cinema.

    Os pronomes do caso reto são: eu, tu, ele, nós, vós, eles.
    Os pronomes do caso oblíquo são: me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, o, lhe.

    Antes dos pronomes demonstrativos isso, esse, este, esta, essa

    • Era a isso que nos referíamos.
    • Quando aderir a esse plano, a internet ficará mais barata.

    Casos facultativos de uso da crase

    Antes de pronomes possessivos femininos:

    Não dão valor à nossa missão.

    ou

    Não dão valor a nossa missão.

    Antes de nome próprio feminino:

    Fizemos referência a Marina.

    ou

    Fizemos referência à Marina.

    José de Nicola e Ulisses Infante defendem que, nesse caso, o uso do artigo “a” é facultativo. Segundo eles, uma forma de verificar isso é substituir, na frase, o termo que exige a preposição “a” por um termo que exige outro tipo de preposição. Veja um exemplo:

    Não falamos da Marina

    ou

    Não falamos de Marina.

    Isso, de acordo com esses gramáticos, demonstra que o uso do artigo é facultativo; consequentemente, o uso da crase também.

    Já Luiz Antonio Sacconi defende que só “acentuamos o ‘a’ antes de nomes de pessoas quando se tratar de indivíduo que faça parte do nosso círculo de amizades, indivíduos aos quais damos tratamento íntimo: a Marisa, a Bete, a Rosa etc. Ex.: Refiro-me à Marisa, e não à Bete”. No entanto, apesar disso, ele considera esse uso facultativo.

    Antes de locuções adverbiais femininas indicativas de instrumento, em regra, não se deve utilizar a crase:

    Não se pode resolver os conflitos a bala.

    No entanto, muitos gramáticos entendem que o uso do acento grave, nesses casos, é facultativo:

    Não se pode resolver os conflitos à bala.

    Antes dos seguintes nomes de lugar: Europa, Ásia, África, França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Escócia e Flandres. Assim:

    Não podemos mais voltar à Londres.

    ou

    Não podemos mais voltar a Londres.

    Na locução prepositiva “até a”, antes de substantivo feminino:

    Chegaram até a praia e desistiram de nadar.

    ou

    Chegaram até à praia e desistiram de nadar.

    Dicas/macetes para o uso correto da crase

    principal macete para você descobrir se deve ou não usar a crase é substituir a palavra feminina que vem depois da possível crase por uma palavra masculina equivalente:

    Eu cheguei à escola de Gustavo.

    Façamos então a substituição:

    Eu cheguei ao colégio de Gustavo.

    Note que, ao fazer essa alteração, é possível perceber a presença do artigo definido masculino “o” antes do substantivo “colégio”, o que indica a presença do artigo definido feminino “a” antes do substantivo “escola”.

    Assim, temos:

    • Eu cheguei a + a escola de Gustavo = Eu cheguei à escola de Gustavo.
    • Eu cheguei a + o colégio de Gustavo = Eu cheguei ao colégio de Gustavo.

    Outro macete, semelhante ao primeiro, é substituir o artigo definido feminino “a” pelo artigo indefinido feminino “uma”. Se é possível utilizar esse segundo artigo, é porque a presença de um artigo feminino é necessária na frase:

    Assisti à luta de boxe no último domingo.

    Façamos a substituição:

    Assisti a uma luta de boxe no último domingo.

    Desse modo, temos:

    • Assisti a + a luta de boxe = Assisti à luta de boxe.
    • Assisti a + uma luta de boxe = Assisti a uma luta de boxe.

    Outra maneira de ter certeza da ocorrência ou não da crase, no caso de verbos que indicam movimento, como “ir”, “chegar” etc., é substituir esses verbos por outros que indiquem procedência, como “vir”, “partir” etc., ou mesmo localização, como “estar”, “ficar” etc.:

    Chegamos a Santos na manhã de sábado.

    Então substituímos por:

    Partimos de Santos na manhã de sábado.

    E também por:

    Ficamos em Santos na manhã de sábado.

    Perceba que, nas duas substituições, nota-se apenas a presença de preposição, mas não de artigo. Portanto, em “Chegamos a Fortaleza na manhã de sábado”, não pode ocorrer crase.

    Exercícios

    Fácil, não? Agora é só praticar!
    Selecione a linha verde para revelar a resposta de cada questão.

    1. (ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios de São Paulo) Das frases abaixo, apenas uma está correta, quanto à crase. Assinale-a:

    a) Devemos aliar a teoria à prática.
    b) Daqui à duas semanas ele estará de volta.
    c) Dia à dia, a empresa foi crescendo.
    d Ele parecia entregue à tristes cogitações.
    e) Puseram-se à discutir em voz alta.

    Alternativa a: Devemos aliar a teoria à prática.

    2. (FCC – Fundação Carlos Chagas) É preciso suprimir um ou mais sinais de crase em:

    a) À falta de coisa melhor para fazer, muita gente assiste à televisão sem sequer atentar para o que está vendo.
    b) Cabe à juventude de hoje dedicar-se à substituição dos apelos do mercado por impulsos que, em sua verdade natural, façam jus à capacidade humana de sonhar.
    c) Os sonhos não se adquirem à vista: custa tempo para se elaborar dentro de nós a matéria de que são feitos, às vezes à revelia de nós mesmos.
    d) Compreenda-se quem aspira à estabilidade de um emprego, mas prestem-se todas as homenagens àquele que cultiva seus sonhos.
    e) Quem acha que agracia à juventude de hoje com elogios ao seu pragmatismo não está à salvo de ser o responsável pela frustração de toda uma geração.

    Alternativa e: Quem acha que agracia à juventude de hoje com elogios ao seu pragmatismo não está à salvo de ser o responsável pela frustração de toda uma geração.

    3. (ESAF – Escola de Administração Fazendária) Assinale a frase em que o acento indicativo de crase foi empregado incorretamente:

    a) Ao voltar das férias, devolverei tudo à Vossa Senhoria.
    b) O candidato falou às classes trabalhadoras.
    c) Fiquei à espera de meus amigos.
    d) Sua maneira de falar é semelhante à de Paulo.
    e) Você só poderá ser atendido às 9 horas.

    Alternativa a: Ao voltar das férias, devolverei tudo à Vossa Senhoria.

    Videoaulas

    CRASE: USO E REGRAS | GRAMÁTICA | QUER QUE DESENHE?

    Crase – Aula 01 ♫ Concerto da Crase ♫ [Prof Noslen]

    COMO SABER SE TEM CRASE? – Profa. Pamba

    Referências

    https://www.normaculta.com.br/uso-da-crase/
    https://www.todamateria.com.br/crase/
    https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/crase.htm
    https://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.html

  • Orações coordenadas

    Orações coordenadas

    Orações coordenadas são orações que estão ligadas uma à outra apenas pelo sentido, sendo sintaticamente independentes. Ligam-se através de conjunções ou de vírgulas. Quando são separadas é possível entender seu sentido, independente da oração que esteja próxima. 
    Apesar de não dependerem de outras orações para existirem, podem fazer uso de outras para completar o seu sentido. Esse tipo de ligação nas orações coordenadas ocorre quando há presença de conectivos como, por exemplo, as conjunções
    As orações coordenadas são classificadas em dois tipos: assindéticas e sindéticas.

    Orações assindéticas

    As orações coordenadas assindéticas são caracterizadas pelo período composto justaposto, ou seja, não são ligadas através de nenhum conectivo.

    Exemplos

    • Saí cedo da loja, peguei um táxi, fui ao parque, voltei tarde.
    • Cheguei no colégio, fui direto à sala de aula.
    • Faço uma torta, uns salgados, uns biscoitos.

    Orações sindéticas

    As orações coordenadas sindéticas são caracterizadas pelo período composto ligado através de uma conjunção ou locução coordenativa.

    Assim, dependendo dos conectivos presentes nas orações, elas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

    Exemplos

    • Amo pizza, mas estou de dieta.
    • João vai sofrer muito, pois sua tia é inconsequente.
    • Está chovendo muito aqui, logo, vamos voltar para a loja.

    Classificações

    Aditivas: estabelecem ideia de adição, soma.
    Exemplo: Não venderemos a loja, nem (alugaremos) a casa.

    São conjunções aditivas: e, nem, mas, também.

    – Adversativas: estabelecem oposição, adversidade.
    Exemplo: Gostaria de ter comido, mas não tive tempo.

    São conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.

    – Alternativas: estabelecem alternância.
    Exemplo: Siga o GPS ou peça informações.

    São conjunções alternativas: ou…ou, ora…ora, já…já, quer…quer, siga…siga.

    – Conclusivas: estabelecem conclusão.
    Exemplo: São todos doidos portanto não podem entender.

    São conjunções conclusivas: portanto, logo, por isso, pois, assim.

    – Explicativas: estabelecem explicação.
    Exemplo: Senti calor, porque estava com agasalho.

    São conjunções explicativas: que, porque, pois, porquanto.

    Orações Coordenadas versus Orações Subordinadas

    As orações subordinadas, como o próprio nome já indica, são aquelas que dependem de uma oração principal. Isto é, são orações que possuem função sintática com a principal.
    Isto quer dizer que as orações subordinadas são dependentes e precisam da oração principal para completar seu sentido. Diferente das coordenadas que são independentes

    Vídeo-aulas

    Orações Coordenadas

    Período Composto por Coordenação ♫ Paródia “Morro do Dendê” ♫

    ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS e ASSINDÉTICAS | Aprenda tudo!

    Referências

    https://www.normaculta.com.br/oracoes-coordenadas/
    https://www.todamateria.com.br/oracoes-coordenadas/
    https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/oracao-coordenada.htm
    https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/oracoes-coordenadas

  • Objeto direto e objeto indireto

    Objeto direto e objeto indireto

    Neste artigo abordaremos o objeto direto e o objeto indireto. No final há vídeo-aulas para que você assista se preferir!

    objeto direto e o objeto indireto fazem parte dos complementos verbais das frases, completando o sentido de verbos transitivos diretos e indiretos que, sozinhos, possuem significado incompleto.

    Objeto direto

    O Objeto Direto é um complemento verbal que, geralmente, não é acompanhado por preposição. Assim como o objeto indireto, tem a função de completar o verbo transitivo, que sozinho não consegue fornecer informação com sentido completo.

    O complemento que não é obrigatoriamente acompanhado por preposição é chamado de objeto direto, enquanto que o complemento que exige preposição é chamado de objeto indireto.

    Portanto, os verbos transitivos diretos não exigem complemento com preposição.

    • Vem sempre associado a um verbo transitivo;
    • Liga-se ao verbo sem preposição, exigida por este;
    • Indica o paciente, o alvo ou o elemento sobre o qual recai a ação verbal.

    Exemplos

    • Ana vende livros. (livros = objeto direto)
    • O pai abraçou o filho. (o filho = objeto direto)
    • Você conhece o José? (o José = objeto direto)
    • Convidei meus amigos para a festa. (meus amigos = objeto direto), (para a festa = objeto indireto).

    Objeto indireto

    O Objeto Indireto é um complemento verbal obrigatoriamente acompanhado por preposição. Ele tem como função completar o sentido dos verbos transitivos que por eles só não fornecem informação completa.

    • Vem sempre associado a verbo transitivo;
    • Liga-se ao verbo através de preposição exigida por este;
    • Indica o paciente ou o destinatário da ação verbal.

    Exemplos

    • Meu pai gosta de música clássica.
    • O povo confiou no seu candidato.
    • Desculpe, não posso ir à tua festa.
    • Esta matéria interessa a todos.
    • Nossa próxima viagem será para a Ásia.

    Objeto direto preposicionado

    Os objetos diretos não necessitam ser antecedidos de preposição, mas como veremos a seguir, é possível utilizá-las dependendo do contexto. Essa modalidade de objeto direto é utilizado para fins estilísticos principalmente em dois casos: para dar ênfase ao conteúdo ou evitar ambiguidade na frase.

    Objeto indireto não preposicionado

    Alguns objetos indiretos podem aparecer sem preposição, quando são representados por um pronome oblíquo (me, te, lhe, nos, vos, lhes) ou pelo pronome reflexivo se. Isso ocorre porque esses pronomes representam as construções: a mim, a ti, a ele, a nós, a vós, a eles e a si.

    • O juiz declarou-me culpada.
    • Teu pai deu-te uma palmada.

    Objeto indireto pleonástico

    Objeto indireto pleonástico ocorre quando há uma repetição e intensificação do objeto indireto, para que seja mais expressivo, ou seja, quando o objeto indireto se encontra no início da oração, sendo repetido depois do verbo através de um pronome oblíquo.

    • Aos meus filhos, dei-lhes muito carinho.
    • Ao funcionário, pedi-lhe um esclarecimento.

    Objeto indireto X Adjunto adverbial

    Para que não haja confusão entre o objeto indireto e adjunto adverbial, preste atenção:

    • Se completar o sentido de um verbo, é objeto indireto.
    • Se apresentar informação acessória a um verbo, sendo portanto dispensável, é adjunto adverbial.

    Vídeo-aulas

    Se você deseja assistir vídeo-aulas sobre o assunto, confira alguns dos melhores:

    OBJETO DIRETO E INDIRETO – Profa. Pamba

    OBJETO DIRETO e OBJETO INDIRETO (Complementos Verbais) || Prof. Letícia

    OBJETO DIRETO X OBJETO INDIRETO [Pablo Jamilk]

    Referências

    Como identificar objetos diretos e indiretos em uma frase?
    https://www.coc.com.br/blog/soualuno/portugues/como-identificar-objetos-diretos-e-indiretos-em-uma-frase

    Objeto direto e objeto indireto
    https://www.normaculta.com.br/objeto-direto-e-objeto-indireto/

    Objeto Direto e Objeto Indireto
    https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/objeto-direto-objeto-indireto.htm

    Objeto Indireto
    https://www.todamateria.com.br/objeto-indireto/

    Objeto Direto
    https://www.todamateria.com.br/objeto-direto