Figuras de linguagem

No Português, os recursos estilísticos utilizados a fim de enfatizar a comunicação para torná-la mais bonita são chamados de figuras de linguagem. As figuras de linguagem são classificadas de acordo com a sua função:

  • Figuras de palavras ou semânticas: estão relacionadas ao significado das palavras. Exemplos: metonímia, metáfora, catacrese, comparação, sinestesia e perífrase.
  • Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase. Exemplos: assíndeto, anáfora, hipérbato, elipse, zeugma, pleonasmo, polissíndeto, anacoluto e silepse.
  • Figuras de pensamento: combinam pensamentos e ideias. Exemplos: apóstrofe, eufemismo, hipérbole, personificação, litote, ironia, paradoxo, antítese, gradação.
  • Figuras de som ou harmonia: associa-se à sonoridade das palavras. Exemplos: assonância, aliteração, onomatopeia e paronomásia.

Quais são as figuras de linguagem?

Figuras de palavras

Comparação

Na chamada comparação explícita são usados conectivos de comparação (como, assim, tal qual).

Exemplo: Seus cabelos são como sabugos de milho.

Catacrese

A catacrese é utilizada para representar o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica.

ExemploEmbarcou há pouco no ônibus.

Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, porém como não há um termo específico para o ônibus, é utilizado embarcar.

Metáfora

A metáfora é responsável por representar uma comparação de palavras com significados diferentes. O termo comparativo fica subentendido na oração.

Exemplo: A vida é uma viagem ao desconhecido. (A vida é como uma viagem ao desconhecido.)

Metonímia

A metonímia configura-se como a transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela obra.

Exemplo: Tinha o hábito de ler Clarice Lispector. (Costumava ler as obras de Clarice Lispector.)

Perífrase

Também chamada de antonomásia, a perífrase trata-se da substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.

Exemplo: O rugido do rei das selvas é escutado a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido do leão é escutado a uma distância de 8 quilômetros.)

Sinestesia

A sinestesia acontece através da associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.

Exemplo: Com aquele olhos frios, afirmou que não gostava mais do marido.

A frieza está associada ao tato e não à visão.

Figuras de pensamento

Antítese

A antítese trata-se da utilização de termos que têm sentidos opostos.

Exemplo: Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.

Apóstrofe

A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase.

ExemploÓ céus, é preciso chover mais?

Eufemismo

O eufemismo é usado a fim de suavizar o discurso.

Exemplo: Entregou a alma a Deus.

Acima, a frase informa a morte de alguém.

Gradação

A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax).

Exemplo: Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo.

No exemplo acima, acompanhamos a progressão da tranquilidade até o nervosismo.

Hipérbole

A hipérbole corresponde ao exagero intencional na expressão.

Exemplo: Quase morre de tanto esperar.

Ironia

A ironia trata-se da representação do contrário daquilo que se afirma.

Exemplo: É tão inteligente que não acerta nada.

Litote

O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole.

Exemplo: — Não é que sejam más influências… — disse a filha ao pai.

Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não são boas.

Paradoxo

O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos (tal como no caso da antítese).

ExemploEstou cego de amor e vejo o quanto isso é bom.

Como é possível alguém estar cego e ver?

Personificação

A personificação ou prosopopeia trata-se da atribuição de qualidades e sentimentos humanos aos seres irracionais.

ExemploO jardim olhava as crianças sem dizer nada.

Figuras de sintaxe

Anacoluto

o anacoluto configura-se como a mudança repentina na estrutura da frase.

Exemplo: Eu, parece que estou ficando zonzo. (Parece que eu estou ficando zonzo.)

Assíndeto

O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.

Exemplo: Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.

Anáfora

A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular.

ExemploSe você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu estarei aqui sempre para você.

Elipse

A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.

Exemplo: Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda.)

Hipérbato

O hipérbato trata-se da alteração da ordem direta da oração.

Exemplo: São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)

Pleonasmo

Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado.

ExemploA mim me parece que isso está certo. (Parece-me que isto está certo.)

Polissíndeto

O polissíndeto é o uso repetido de conectivos.

Exemplo: As crianças falavam e cantavam e riam felizes.

Silepse

A silepse é a concordância com o que se entende e não com o que está implícito. Ela é classificada em: silepse de gênero, de número e de pessoa.

Exemplos:

  • Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e agitada cidade de São Paulo.)
  • A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de númeroA maioria dos clientes ficou insatisfeita com o produto.)
  • Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância com nós, em vez de eles: Todos terminaram os exercícios.)

Zeugma

A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.

Exemplo: Fiz o roteiro, ele o cenário. (Fiz o roteiro, ele fez o cenário)

Figuras de som

Assonância

A assonância trata-se da repetição de sons vocálicos.

Exemplo:

O que o vago e incógnito desejo
de seeu mesmo de meu ser me deu.” (Fernando Pessoa)

Aliteração

A aliteração é a repetição de sons consonantais.

Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.

Paronomásia

Paronomásia configura-se como a repetição de palavras cujos sons são parecidos.

Exemplo: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil)

Videoaulas

Referências:

www.todamateria.com.br/figuras-de-linguagem/

www.portugues.com.br/gramatica/figuras-estilo-ou-linguagem.html

Anástrofe ou inversão

A anástrofe ou inversão, na Língua Portuguesa, configura-se como uma figura de linguagem, um recurso que usamos na linguagem oral e escrita a fim de aumentar a expressividade da mensagem. A anástrofe refere-se a uma inversão leve da ordem normal das palavras em uma oração, acontecendo tal inversão predominantemente por antecipação de uma palavra que complementa outra, ou seja, em palavras correlativas. A ideia de que na anástrofe acontece também a inversão entre o sujeito e o predicado é defendida por diversos autores.

O realce de uma ideia ou palavra, bem como a criação de um determinado efeito surpresa na oração, é possível pelo uso de anástrofes. Tal figura de linguagem é amplamente utilizada nas poesias a fim de se cumprir com as exigências do verso relativamente às rimas e à métrica.

Exemplos de anástrofe:

  • Para todos os amigos mandou beijos.
  • Ao primo, ele deu um livro.
  • Que faço eu com essa angústia minha?
  • Correto, eu acredito que seja!

Exemplos de anástrofe na literatura:

“Sabe mortos enterrar?” (J.C. Melo Neto)
“Tão leve estou, que nem sombra tenho.” (Mário Quintana)
“À espada em tuas mãos achada.” (Fernando Pessoa)
“Memória em nós do instinto teu.” (Fernando Pessoa)
“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)

Anástrofe x hipérbato x sínquise

Tanto a anástrofe como o hipérbato e a sínquise são figuras de construção ou de sintaxe relacionadas à estrutura das frases. Tais figuras têm como característica a inversão da ordem normal das palavras em uma oração. São diferencias apenas através da intensidade com que tal inversão acontece.

Na anástrofe acontece uma inversão suave que gera apenas um ligeiro efeito surpresa e enfático na oração. No hipérbato acontece uma inversão brusca que, embora possa comprometer a clareza da mensagem, não influencia no entendimento e sentido da mensagem. Na sínquise, por sua vez, acontece uma inversão tão intensa e excessiva que prejudica o sentido da mensagem e a torna obscura e ininteligível.

Videoaulas

Referências:

www.normaculta.com.br/anastrofe-ou-inversao/#:~:text=A%20anástrofe%20se%20refere%20a,ou%20seja%2C%20em%20palavras%20correlativas.

www.brasilescola.uol.com.br/gramatica/hiperbato.htm