As funções da linguagem, na Língua Portuguesa, configuram-se como categorias dos estudos da comunicação. Toda linguagem é usada a fim de transmitir uma comunicação de algo a alguém. Considerando os elementos que constituem a comunicação (emissor, receptor, código, canal, mensagem e contexto), as funções são divididas em:

  • emotiva
  • conativa
  • metalinguística
  • fática
  • poética
  • referencial 

Cada função tem relação a um elemento da comunicação.

Quais são as funções da linguagem?

Função emotiva ou expressiva

A função emotiva ou expressiva busca priorizar o sujeito que emite a mensagem, evidenciando os aspectos subjetivos e sentimentais do indivíduo que fala. O uso de predicativos e outros qualificadores é recorrente nos discursos de função emotiva, servindo para caracterizar as sensações do autor.

Exemplo:

“Eu não aguento mais! Todo dia é um problema, toda semana eu tenho que ajudar alguém! Eu preciso ter tempo para mim!”

O trecho anterior apresenta um desabafo emocional do sujeito que fala. Os verbos estão em primeira pessoa e expressam a emoção negativa “Eu não aguento mais!” e o desejo “Eu preciso ter tempo para mim!”.

Nos textos, é comum que as funções trabalhem juntas, como no próximo exemplo. No poema “Os deslimites da palavra”, de Manoel de Barros, é possível encontrar as funções emotiva e poética:

“Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.”

O texto tem:

  • função poética, apresentando um cuidado com a linguagem, de modo que a mensagem ganhe efeito expressivo; 
  • função emotiva, pois o eu lírico expressa estados subjetivos do seu ser.

Função referencial ou denotativa

A função referencial, também chamada de função informativa, tem por objetivo principal informar, referenciar algo.

Esse tipo de texto é voltado para o contexto da comunicação, sendo escrito na terceira pessoa (singular ou plural) enfatizando seu caráter impessoal.

Podemos citar como exemplos de linguagem referencial os textos científicos e jornalísticos, materiais didáticos etc. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, buscam informar o leitor a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.

Exemplo de uma notícia

Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a maior desvalorização da sua história. Nesse dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538 para comprar um dólar. Recorde-se que o Real foi lançado há mais de 20 anos, mais precisamente em julho de 1994.

Função poética

Na função poética, o enunciado centra-se na mensagem, havendo mais preocupação estética e nos efeitos que a mensagem pode causar. Deste modo, costuma ser um enunciado que pode gerar muitas interpretações pessoais. Tende a ser a função predominante em poemas, músicas, quadros e obras artísticas em geral. Confira um exemplo a seguir:

Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

(Cecília Meireles)

Escrito em versos poema, o poema apresenta rimas ou um jogo de sons entre as palavras. Por isso, a forma é um elemento muito importante para esse tipo de comunicação, já que influencia de modo mais explícito a mensagem que se passa.

 Função fática ou de contato

A função fática ou de contato é centrada no canal ou veículo de comunicação, apresentando intencionalidade na manutenção do ato comunicativo, ou seja, quando o emissor (locutor) busca estratégias para manter a interação com o receptor (interlocutor).

Quem nunca entrou em um elevador e “jogou conversa fora” sobre como está o clima? Mesmo nos mais despretensiosos momentos de fala, as funções da linguagem estão presentes. Ao desejar “Bom dia!”, ou mesmo quando o professor, em sala de aula, pergunta “Entendeu?”, percebemos o desejo de que a comunicação siga seu curso. Do “alô” ao “tchau”, do “bom dia” a “boa noite”, vemos que o ser humano é realmente o ser que fala e que nossos laços sociais fortalecem-se diante da necessidade de nos comunicarmos.

Exemplo

Comunicação

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um… um… como é mesmo o nome?

“Posso ajudá-lo, cavalheiro?”

“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles…”

“Pois não?”

“Um… como é mesmo o nome?”

“Sim?”

“Pomba! Um… um… Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”

“Sim senhor.”

“O senhor vai dar risada quando souber.”

“Sim senhor.”

“Olha, é pontuda, certo?”

“O quê, cavalheiro?”

[…]

“Chame o gerente.”

“Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?”

“É de, sei lá. De metal.”

“Muito bem. De metal. Ela se move?”

“Bem… É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.”

“Tem mais de uma peça? Já vem montado?”

“É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.”

“Francamente…”

“Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.”

“Ah, tem clique. É elétrico.”

“Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.”

“Já sei!”

“Ótimo!”

“O senhor quer uma antena externa de televisão.”

“Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo…”

“Tentemos por outro lado. Para o que serve?”

“Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.”

“Certo. Esses instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e…”

“Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!”

“Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!”

“É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um… um… Como é mesmo o nome?”

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.

 Função conativa ou apelativa

A função conativa ou apelativa apresenta ênfase no emissor (interlocutor). Tem por intencionalidade de convencer e persuadir, e tem a presença de verbos no modo imperativo, os quais têm intenção de indicar a forma como o outro deve agir.

Podemos verificar a ocorrência desse tipo de função em textos de discursos políticos e religiosos, caráter publicitário, bem como em cartas argumentativas. Assim, quando o emissor (locutor) tenta influenciar o receptor (interlocutor), certamente estamos diante da função conativa ou apelativa.

Exemplos

“Mas, que fique bem claro, ninguém é obrigado a nada […] nem mesmo a fazer a Fogueira Santa. A Fogueira Santa é uma atitude exclusivamente pessoal. Não faça sacrifício por que estamos falando, mas faça pela sua fé! Se você não foi tocado, não ouviu a Voz da fé, do Espírito Santo, não participe! Porque se você manifesta qualquer dúvida, mesmo um fio de dúvida, não é para ti esse propósito de revolta”.

“Meu amigo, minha amiga, se você ainda não encontrou a raiz do mal que lhe tem trazido prejuízos por muitos anos, participe da campanha “Corte a Raiz”, que lhe ajudará a descobrir e arrancá-la de uma vez por todas.”

Função metalinguística

A função metalinguística é a função da explicação, onde o código explica o próprio código, ou seja, a linguagem explica a própria linguagem, e então teríamos o dicionário como o principal representante dessa função.

Pode-se afirmar que toda forma de explicação, com expressões como “por exemplo”, “sendo assim”, “ou seja”, introduzem a manifestação dessa função da linguagem. Poemas que tratam do fazer poético, músicas que explicam ou falam como se fazer música, além de filmes que revelam como se fazer cinema, são características da metalinguagem.

Exemplos:

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave? […]

(Trecho do poema Procura da poesia, de Carlos Drummond de Andrade)

Significado de Código

Substantivo masculino

Coleção de leis: Código Penal. Coleção de regras e preceitos. Sistema de símbolos que permite a representação de uma informação: código Morse. Conjunto de regras que permite a transposição de sistemas de símbolos sem alterar o significado da informação transmitida.

Linguística: Conjunto de todos os elementos linguísticos vigentes numa comunidade e postos à disposição dos indivíduos para servir-lhes de meios de comunicação; língua.

(Fonte: Dicio.com)

Videoaulas

Referências:

www.portugues.com.br/redacao/funcoes-linguagem.html

www.todamateria.com.br/funcoes-da-linguagem/

www.mundoeducacao.uol.com.br/redacao/funcoes-linguagem.htm

www.brasilescola.uol.com.br/gramatica/funcoes-linguagem.htm

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