A Rima é um recurso estilístico muito utilizado nos textos poéticos, sobretudo na poesia, a qual proporciona sonoridade, ritmo e musicalidade.
Na poesia, as rimas se caracterizam pela repetição de sons no final de dois ou mais versos, conferindo musicalidade ao poema. As rimas podem ser classificadas quanto à fonética, quanto ao valor, quanto à acentuação e quanto à posição no verso e na estrofe.
No primeiro caso (fonética), existem dois tipos:
- Rima perfeita ou consoante: em que há correspondência total de sons, ex.: cantado/falado.
- Rima imperfeita: em que há correspondência parcial dos sons. Pode ser: assonante (em que há apenas repetição dos sons vocálicos, ex.: boca/moça) ou aliterante (em que há apenas repetição dos sons consonantais, ex.: faz/fez).
No segundo caso (valor), existem três tipos:
- Rima pobre: com palavras pertencentes à mesma classe gramatical, ex.: gato/rato).
- Rima rica: com palavras pertencentes a classes gramaticais diferentes, ex.: manhã/vã.
- Rima rara ou preciosa: com terminações incomuns, ex.: mandala/dá-la.
No terceiro caso (acentuação), existem três tipos:
- Rima aguda ou masculina: entre palavras oxítonas: coração/intenção.
- Rima grave ou feminina: entre palavras paroxítonas, ex.: adoro/moro.
- Rima esdrúxula: entre palavras proparoxítonas: gênero/efêmero.
No quarto caso (posição no verso), existem dois tipos:
- Rima externa: ocorre no fim do verso, ex.: “E em louvor hei de espalhar meu canto / E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinícius de Moraes);
- Rima interna: que ocorre no interior do verso, ex.: “A bela bola do Raul / Bola amarela” (Cecília Meireles).
No quinto caso (posição na estrofe), existem seis tipos:
- Rimas alternadas ou cruzadas: combinam-se seguindo o esquema ABAB, ex.: “O meu amor não tem / importância nenhuma. Não tem o peso nem de uma rosa de espuma!” (Cecília Meireles).
- Rimas emparelhadas ou paralelas: combinam-se de duas em duas, seguindo o esquema AABB, ex.: “Vagueio campos noturnos / Muros soturnos / Paredes de solidão / Sufocam minha canção” (Ferreira Gullar).
- Rimas interpoladas ou intercaladas: combinam-se em ordem oposta a anterior, com esquema ABBA, ex.: “De tudo, ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto / Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento” (Vinícius de Moraes).
- Rimas encadeadas: as palavras se situam no fim de um verso e no meio de outro, ex.: “Salve Bandeira do Brasil querida / Toda tecida de esperança e luz / Pálio sagrado sobre o qual palpita / A alma bendita do país da Cruz” (Francisco de Aquino Correia).
- Rimas mistas ou misturadas: quando apresentam posições diversas sem seguir necessariamente um padrão, ex.: “Vou-me embora pra Pasárgada / Aqui eu não sou feliz / Lá a existência é uma aventura / De tal modo inconsequente / Que Joana a Louca de Espanha / Rainha e falsa demente / Vem a ser contraparente / Da nora que nunca tive” (Manuel Bandeira).
- Versos brancos ou soltos: nos quais não há rima, ex.: “Uma palavra caída
das montanhas dos instantes / desmancha todos os mares /
e une as terras mais distantes…” (Cecília Meireles).
Observe as rimas dos seguintes poemas:
Relíquia íntima
Ilustríssimo, caro e velho amigo,
Saberás que, por um motivo urgente
Na quinta-feira, nove do corrente,
Preciso muito de falar contigo.
(Machado de Assis)
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Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
(Manuel Bandeira)
É possível notar que as combinações rímicas, isto é, de rimas são diferentes entre os poemas acima. No poema de Machado de Assis, há a combinação rímica do primeiro verso com o quarto verso, e do segundo com o terceiro verso. Já no poema de Manuel Bandeira, as rimas aparecem alternadas na estrutura da estrofe.
Veja a seguir a denominação das combinações rímicas existentes.
a) Rimas emparelhadas:quando se sucedem de duas a duas (AABB).
Vagueio campos noturnos (A)
Muros soturnos (A)
paredes de solidão (B)
sufocam minha canção (B)
(Ferreira Gullar)
b) Rimas alternadas: quando, de um lado, rimam os versos ímpares (o primeiro com o terceiro, etc.) e, de outro, os versos pares (ABAB).
Minha desgraça, não, não é ser poeta, (A)
Nem na terra de amor não ter um eco, (B)
É meu anjo de Deus, o meu planeta (A)
Tratar-me como trata-se um boneco (B)
(Álvares de Azevedo)
c) Rimas opostas ou interpoladas: quando o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo, com o terceiro verso (ABBA).
Relíquia íntima
Ilustríssimo, caro e velho amigo, (A)
Saberás que, por um motivo urgente, (B)
Na quinta-feira, nove do corrente, (B)
Preciso muito de falar contigo. (A)
(Machado de Assis)
d) Rimas encadeadas: quando o primeiro verso rima com o terceiro; o segundo com o quarto e com o sexto; o quinto com o sétimo e o nono, e assim por diante.
Uma Criatura
Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.
Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira do abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.
Traz impresso na fronte o obscuro despotismo;
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e egoísmo.
(Machado de Assis)
Palavras que rimam
- Amor: flor, calor, beija-flor
- Vida: ida, cingida, colhida
- Coração: grão, benção, missão
- Mundo: fecundo, profundo, contudo
- Você: bebê, entrevê, glacê
- Feliz: bendiz, ouvis, aprendiz
- Sol: farol, girassol, rouxinol
- Alegria: guia, crescia, colhia
- Amizade: bondade, saudade, vontade
Videoaulas
Reconhecimento de Rimas – Literatura – Pedro Gonzaga – Instantâneo
Tipos de Rima – Brasil Escola
Referências
https://www.normaculta.com.br/classificacao-de-rimas/
https://www.todamateria.com.br/o-que-e-rima/
https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/as-rimas-suas-combinacoes.htm
https://www.infoescola.com/literatura/versos-rimas-e-estrofes/